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APENAS UMA OPINIÃO - para além dos dados técnico-científicos

  • Publicado: Quarta, 08 de Abril de 2020, 18h28
  • Última atualização em Quarta, 08 de Abril de 2020, 18h29
  • Acessos: 659

A situação atual do COVID-19 extrapolou a questão sanitária e atingiu uma condição pseudopolítica. A economia, atualmente, é tratada com valor igualitário a vida. Assistimos passivos a protestos diários de empresários que aos prantos pedem socorro ao palácio do Planalto, dizendo que 30 dias parados representam fome e caos. Nesse contexto, eu questiono: os professores da rede pública estadual, de diversas unidades federativas do país, que recebem seus provimentos de maneira parcelada há mais de 3 anos, realizam fotossíntese ou processo similar para manterem-se vivos?

Falam em dignidade dos empresários e empregados mas esquecem que os educadores e formadores de mão de obra qualificada no país agonizam. A situação ainda escancara a dependência nacional por insumos externos, muito disso decorrente dos baixos investimentos em pesquisa, pois as universidades (centros de excelência em pesquisa) são vistos aqui como gasto e não investimento.

Ainda assim, serão desenvolvidas vacinas, novos fármacos e testes imunológicos, em caráter emergencial, a custos exorbitantes cotados em moeda externa. E a conta dessa despesa não será paga pelo empresariado, mas sim pela população em geral, com um provável incremento de impostos e arroxo salarial dos servidores públicos, dentre eles os professores e pesquisadores de universidades e centros de pesquisa. Sim! Os mesmos que atualmente são requisitados para encontrar uma solução rápida e milagrosa contra o COVID-19.

Para quem não sabe, boa parte dos profissionais de saúde que socorrem os enfermos estão na folha de pagamento do ministério da educação, ou seja, são profissionais vinculados a instituições de ensino superior (UNIVERSIDADES FEDERAIS ou CENTROS DE PESQUISA). Curioso perceber como uma classe tão subvalorizada e outrora vista como peso morto da nação agora é vista como digna de aplausos, a “esperança da nação”.

Há muito se sabe que as regiões do país terão um incremento no número de casos distintos umas das outras e o pior, o acesso ao tratamento será totalmente diferente, ainda assim a recomendação ministerial é a mesma a todos. Infelizmente o aprendizado para a humanidade e para nossa nação custará vidas. Cabe a nós cumprir determinações (questionáveis, em muitos pontos) do governo e OMS pois, embora se tenha tecnologia e conhecimento para tais situações, não somos capazes de superá-las por não termos acesso igualitário de recursos. Ou alguém realmente acreditava que o desenrolar da pandemia seria homogêneo em todo o território nacional?

O COVID-19 não reconhece as fronteiras, limites e demarcações impostas pelo homem mas somente iremos sentir quando rostos conhecidos forem perdidos.
Não se trata de discussão política, essa pandemia não faz distinção ideológica. Mas faz distinção monetária, na falta de um respirador, um próspero empresário pode buscar um leito atravessando o país em seu avião particular, mas essa não é a realidade de todos. Muitos destes empresários são os que bradam por um afrouxamento das medidas de isolamento (equivocadamente considerado sinônimo de quarentena) não devem ter refletido sobre a situação de seus serviçais e colaboradores (espero que a empatia tome parte de seus pensamentos).

Pode ser que poucos venham a sucumbir a síndrome respiratória, pode ser que nem mesmo atinja sua cidade ou bairro mas ninguém ainda é capaz de prever os efeitos desse inimigo microscópico. Este triste episódio apenas escancara nossa incapacidade, enquanto seres humanos, em priorizar o que realmente é importante (A VIDA) e o bem comum.

Por hora, LAVEM AS MÃOS.

Pedro Quevedo

 

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O Prof. Pedro de Souza Quevedo: Possui graduação em Medicina Veterinária (2009), mestrado em Ciências (2010) e doutorado em Parasitologia pela Universidade Federal de Pelotas (2015). Atualmente é professor de Parasitologia, Doenças Parasitárias e Zoonoses e Saúde Pública da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA). Atua como docente permanente do programa de pós-graduação em propriedade intelectual e transferência de tecnologia para inovação (PROFNIT).

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