NOTA - NOVO CORONAVIRUS (SARS-CoV-2)
Texto elaborado pela Profa. Dra. Sebastiana Adriana Pereira Sousa
O vírus responsável pela pandemia presenciada atualmente é reconhecido pelo Grupo de Estudos da família Coronaviridae (Coronaviridae Study Group - CSG) do Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (International Committee on Taxonomy of Viruses - ICTV) como um coronavírus pertencente à espécie Coronavírus relacionado à síndrome respiratória aguda grave, designado como Coronavírus 2 da Síndrome Respiratória Aguda Grave, ou SARS-CoV-2. Os cientistas sugerem que esse vírus seja um clone associado ao protótipo de coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave de humanos e morcegos (SARS-CoVs), notificado pela primeira vez em 2003 na China.
O SARS-CoV-2 possui genoma RNA fita simples de sentido positivo coberto por um capsídeo helicohidal e um envelope lipídico com peplômeros em forma de coroa. A glicoproteína presente na superfície do vírus, chamada “Spike protein” ou proteína S, se liga a um receptor chamado Enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2), situado em células humanas. A enfermidade causada pelo vírus é camada Doença do Coronavírus 19, ou COVID 19, e tem grande potencial de transmissibilidade entre humanos, provavelmente devido sua forte afinidade pelos receptores ECA2.
O vírus ataca prioritariamente o sistema respiratório e os sintomas mais comuns são febre, tosse seca e falta de ar. Cerca de 80% dos casos são caracterizados por sintomatologia leve semelhante a um resfriado, seguidos de recuperação em torno de duas semanas. Por outro lado, casos graves geralmente culminam em síndrome respiratória aguda, podendo ocorrer choque séptico, falência múltipla dos órgãos e morte.
O período de incubação da doença causada pelo SARS-CoV-2 é de até 14 dias e sua transmissão ocorre de forma horizontal, de pessoa para pessoa. Um indivíduo é infectado quando entra em contato com gotículas provenientes de secreções oral e nasal expelidas por uma pessoa infectada, geralmente durante a tosse, o espirro e o ato de falar. Essas secreções podem contaminar objetos e superfícies do ambiente, onde o vírus pode permanecer por um período ainda desconhecido, favorecendo a disseminação da infecção. Com relação à função de animais como transmissores do vírus aos humanos, nenhuma espécie foi confirmada pela a Organização Mundial de Saúde (OMS) até então.
Visto que ainda não há tratamento específico para a COVID 19, medidas de profilaxia são de extrema importância. Dentre as medidas recomendadas pela OMS estão: lavar as mãos frequentemente com água e sabão; manter pelo menos um metro de distância de pessoas que estejam tossindo ou espirrando; evitar tocar olhos, nariz e boca; cobrir a boca e o nariz com o cotovelo ou o tecido dobrado quando tossir ou espirrar, descartando o lenço utilizado; ficar em casa, principalmente se não se sentir bem; manter-se atualizado quando à distribuição da doença; e evitar fazer viagens. Pessoas já infectadas ou que viajaram para áreas de disseminação devem ficar em isolamento por pelo menos 14 dias e procurar orientação médica imediatamente caso desenvolva febre, tosse e dificuldade em respirar.
O quesito limpeza e higiene reveste-se de grande relevância para combate ao SARS-CoV-2. Além da lavagem das mãos com água e sabão, os órgãos de saúde destacam a importância de desinfetá-las com álcool a 70%, visto que esses agentes têm propriedades solventes capazes de dissolver a gordura do envelope lipoproteico do vírus, promovendo sua destruição. Deve-se atentar que as concentrações de álcool usadas estejam entre 60% a 80%, no caso de preparações sob a forma líquida, e 70%, no caso de preparações sob a forma de gel. Concentrações menores que essas não terão eficácia antimicrobiana, ao passo que concentrações maiores tendem a evaporar antes de inativar o agente.
Além das medidas de profilaxia mencionadas, alguns pesquisadores relatam que a vacinação da população contra influenza e pneumonia por Streptococcus spp., principalmente em idosos vulneráveis com comorbidades, contribui para a redução do risco de hospitalização e morte, uma vez que estas enfermidades também cursam com sintomatologia respiratória e podem causar co-infecções com a COVID 19. Ações como esta podem ser de grande valia não só para tentar controlar o número de casos graves, mas também para evitar que mais pessoas necessitem de atendimento médico no cenário atual.
No mais, em vista do grande potencial de disseminação do SARS-CoV-2 e o do aumento diário do número de casos noticiados, muitas vezes com desfechos fatais, é de vital importância que a comunidade geral tenha em mente e coloque em prática as instruções preconizadas pela OMS. Portanto, que todos contribuam ao máximo para inativar este agente veloz que é motivo de preocupação, não só para autoridades governamentais, mas principalmente para a população mundial.
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A profa. Sebastiana Adriana Pereira Sousa é Doutora em Ciência Animal com ênfase em Sanidade Animal aplicada a Etiopatogenia, Epidemiologia, Diagnóstico e Controle das Doenças Infecciosas dos Animais pela Universidade Federal de Goiás - UFG (2017). Mestre em Ciência Animal Tropical, área de Produção Animal com ênfase em Patologia voltada às Doenças Infectocontagiosas e Parasitárias dos Aminais Domésticos, pela Universidade Federal do Tocantins - UFT (2014). Médica Veterinária graduada pela Universidade Federal do Tocantins - UFT (2012). Técnica Agropecuária com habilitação em Zootecnia pelo Instituto Federal do Tocantins - IFTO (2006). Atualmente é professora Adjunta da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará - UNIFESSPA. Tem experiência em Etiopatogenia, Epidemiologia, Diagnóstico e Controle das Doenças Infecciosas e parasitárias dos Animais domésticos.
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REFERÊNCIAS
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