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NOTA - NOVO CORONAVIRUS (SARS-CoV-2)

  • Publicado: Quinta, 02 de Abril de 2020, 17h48
  • Última atualização em Quinta, 02 de Abril de 2020, 18h57
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Texto elaborado pela Profa. Dra. Sebastiana Adriana Pereira Sousa

O vírus responsável pela pandemia presenciada atualmente é reconhecido pelo Grupo de Estudos da família Coronaviridae (Coronaviridae Study Group - CSG) do Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus  (International Committee on Taxonomy of Viruses - ICTV) como um coronavírus pertencente à espécie Coronavírus relacionado à síndrome respiratória aguda grave, designado como Coronavírus 2 da Síndrome Respiratória Aguda Grave, ou SARS-CoV-2. Os cientistas sugerem que esse vírus seja um clone associado ao protótipo de coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave de humanos e morcegos (SARS-CoVs), notificado pela primeira vez em 2003 na China.

O SARS-CoV-2 possui genoma RNA fita simples de sentido positivo coberto por um capsídeo helicohidal e um envelope lipídico com peplômeros em forma de coroa. A glicoproteína presente na superfície do vírus, chamada “Spike protein” ou proteína S, se liga a um receptor chamado Enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2), situado em células humanas. A enfermidade causada pelo vírus é camada Doença do Coronavírus 19, ou COVID 19, e tem grande potencial de transmissibilidade entre humanos, provavelmente devido sua forte afinidade pelos receptores ECA2.  

O vírus ataca prioritariamente o sistema respiratório e os sintomas mais comuns são febre, tosse seca e falta de ar. Cerca de 80% dos casos são caracterizados por sintomatologia leve semelhante a um resfriado, seguidos de recuperação em torno de duas semanas. Por outro lado, casos graves geralmente culminam em síndrome respiratória aguda, podendo ocorrer choque séptico, falência múltipla dos órgãos e morte.

O período de incubação da doença causada pelo SARS-CoV-2 é de até 14 dias e sua transmissão ocorre de forma horizontal, de pessoa para pessoa. Um indivíduo é infectado quando entra em contato com gotículas provenientes de secreções oral e nasal expelidas por uma pessoa infectada, geralmente durante a tosse, o espirro e o ato de falar.  Essas secreções podem contaminar objetos e superfícies do ambiente, onde o vírus pode permanecer por um período ainda desconhecido, favorecendo a disseminação da infecção. Com relação à função de animais como transmissores do vírus aos humanos, nenhuma espécie foi confirmada pela a Organização Mundial de Saúde (OMS) até então.

Visto que ainda não há tratamento específico para a COVID 19, medidas de profilaxia são de extrema importância. Dentre as medidas recomendadas pela OMS estão: lavar as mãos frequentemente com água e sabão; manter pelo menos um metro de distância de pessoas que estejam tossindo ou espirrando; evitar tocar olhos, nariz e boca; cobrir a boca e o nariz com o cotovelo ou o tecido dobrado quando tossir ou espirrar, descartando o lenço utilizado; ficar em casa, principalmente se não se sentir bem; manter-se atualizado quando à distribuição da doença; e evitar fazer viagens. Pessoas já infectadas ou que viajaram para áreas de disseminação devem ficar em isolamento por pelo menos 14 dias e procurar orientação médica imediatamente caso desenvolva febre, tosse e dificuldade em respirar.

O quesito limpeza e higiene reveste-se de grande relevância para combate ao SARS-CoV-2. Além da lavagem das mãos com água e sabão, os órgãos de saúde destacam a importância de desinfetá-las com álcool a 70%, visto que esses agentes têm propriedades solventes capazes de dissolver a gordura do envelope lipoproteico do vírus, promovendo sua destruição. Deve-se atentar que as concentrações de álcool usadas estejam entre 60% a 80%, no caso de preparações sob a forma líquida, e 70%, no caso de preparações sob a forma de gel. Concentrações menores que essas não terão eficácia antimicrobiana, ao passo que concentrações maiores tendem a evaporar antes de inativar o agente.

Além das medidas de profilaxia mencionadas, alguns pesquisadores relatam que a vacinação da população contra influenza e pneumonia por Streptococcus spp., principalmente em idosos vulneráveis ​​com comorbidades, contribui para a redução do risco de hospitalização e morte, uma vez que estas enfermidades também cursam com sintomatologia respiratória e podem causar co-infecções com a COVID 19. Ações como esta podem ser de grande valia não só para tentar controlar o número de casos graves, mas também para evitar que mais pessoas necessitem de atendimento médico no cenário atual.

No mais, em vista do grande potencial de disseminação do SARS-CoV-2 e o do aumento diário do número de casos noticiados, muitas vezes com desfechos fatais, é de vital importância que a comunidade geral tenha em mente e coloque em prática as instruções preconizadas pela OMS. Portanto, que todos contribuam ao máximo para inativar este agente veloz que é motivo de preocupação, não só para autoridades governamentais, mas principalmente para a população mundial.

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A profa. Sebastiana Adriana Pereira Sousa é Doutora em Ciência Animal com ênfase em Sanidade Animal aplicada a Etiopatogenia, Epidemiologia, Diagnóstico e Controle das Doenças Infecciosas dos Animais pela Universidade Federal de Goiás - UFG (2017). Mestre em Ciência Animal Tropical, área de Produção Animal com ênfase em Patologia voltada às Doenças Infectocontagiosas e Parasitárias dos Aminais Domésticos, pela Universidade Federal do Tocantins - UFT (2014). Médica Veterinária graduada pela Universidade Federal do Tocantins - UFT (2012). Técnica Agropecuária com habilitação em Zootecnia pelo Instituto Federal do Tocantins - IFTO (2006). Atualmente é professora Adjunta da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará - UNIFESSPA. Tem experiência em Etiopatogenia, Epidemiologia, Diagnóstico e Controle das Doenças Infecciosas e parasitárias dos Animais domésticos. 

 

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Nota técnica nº01/2018 gvims/ggtes/anvisa: orientações gerais para higiene das mãos em serviços de saúde, 2018. Disponível em http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/271858/NOTA+T%C3%89CNICA+N%C2%BA01-2018+GVIMS-GGTES-ANVISA/ef1b8e18-a36f-41ae-84c9-53860bc2513f. Acesso em abril 1, 2020.

GORBALENYA, A.E.; BAKER, S.C.; BARIC, R.S. et al. The species Severe acute respiratory syndrome-related coronavirus: classifying 2019-nCoV and naming it SARS-CoV-2. Nature Microbiology, v. 5,  p.536-544, 2020. https://doi.org/10.1038/s41564-020-0695-z. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41564-020-0695-z.pdf. Acesso em abril 2, 2020.

GRAZIANO, M. U.; GRAZIANO, K. U.; PINTO, F. M. G. et al. Eficácia da desinfecção com álcool 70% (p/v) de superfícies contaminadas sem limpeza prévia. Revista Latino-Americana de Enfermagem. v. 21, n. 2, 2013. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rlae/v21n2/pt_0104-1169-rlae-21-02-0618.pdf. Acesso em abril 2, 2020.

MINGXUAN X.; QIONG C. Insight into 2019 novel coronavirus — an updated intrim review and lessons from SARS-CoV and MERS-CoV, International Journal of Infectious Diseases, 2020, ISSN 1201-9712, DOI: https://doi.org/10.1016/j.ijid.2020.03.071. Disponível em: (http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1201971220302046). Acesso em abril 1, 2020.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE - OMS. Perguntas e respostas sobre coronavírus (COVID-19). Disponível em: https://www.who.int/news-room/q-a-detail/q-a-coronaviruses. Acesso em abril 2, 2020.

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